Será que existe alguma lógica na política daqui e do país? Às vezes me pergunto se nossos políticos são tão estrategistas assim. Talvez até haja alguma intenção para a corrida eleitoral. No mais, eles vão fazendo, fazendo, fazendo de qualquer forma amorfa, sem cosmos, com muito caos. Atolados em cegas ações assistencialistas, não pensam um palmo do próprio nariz.
Na maior parte do tempo, estão mais preocupados com seus próprios interesses do que outra coisa. Estão muito ocupados consigo mesmos para dar atenção às realidades maiores.
Certa vez, comparava a política a uma partida de futebol, onde as jogadas vão se desenhando sorrateiramente na mera contingência.
Os comentaristas fazem toda uma análise racional do jogo; esquema tático e técnico; número de faltas; número de passes errados; tempo de posse de bola e etc. Mas quando perguntam ao treinador sua estratégia de jogo, ele simplesmente responde que coloca os caras em campo pra jogar e pronto. E o jogo se desenrola, vai se fazendo ao mero acaso.
Essa realidade do futebol é muito semelhante ao que se passa na política. O que existe é um amontoado de coisas desordenadas acontecendo na política, sem muito sentido, também ao acaso. O pouco sentido, se houver, vem dado pelos analistas ou até pelo povo. Guardadas as devidas proporções, o filósofo Immanuel Kant dizia que era impossível chegarmos ao conhecimento da “coisa em si”, no máximo chegamos ao conhecimento de seu “fenômeno”, aquilo que aparece deste “em si”. Salvo engano, a política e seus “negócios” nos levam a crer que não há “coisa em si” protegida por quem detém o poder, não há esse mistério todo que muitos insistem em pensar. O que existe mesmo na política é uma confusão de interesses e representações soltas ao vento, num vale-tudo inconsequente e num fosso do salve-se quem puder.
Tenho a impressão de que, na política, do ponto de vista administrativo mesmo, quase tudo acontece de improviso. Parece que há um fosso enorme entre os planos de ação e sua execução. Se exigem os projetos mais rigorosos, brilhantes e burocráticos do mundo, no entanto não executam com o mesmo rigor e brilhantismo.
Para a aprovação dos recursos junto ao Gov. Federal, os “projetos” são os melhores e os mais robustos financeiramente, caso contrário os gestores não correriam atrás. Ganham até prêmios. Porém, na hora de aplicar estes recursos, a seriedade e a transparência não são as mesmas, só que há muito dinheiro em jogo e o povo sabe disso.
Lembro-me, quando criança, de ter ido ao antigo castelão em Natal/RN, onde hoje é a Arena das Dunas, assistir a um jogo do Alecrim, e vi um fosso enorme entre a torcida e os jogadores. Assim é o fosso que existe entre os “projetos” políticos (recursos) e sua aplicação.
Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva